27.6.07

VERSO

Ciente sou de que tou ausente. Uma virose atrevida me fez doente. Sopa, cama, suco, rotina de convalescente. Paracetamol também, esse que é ruim de tomar e pior de rimar.

* * * *


Aproveitando a passagem no blog:

Eita boca maldita a minha. Björk confirmada pro Tim 2007! Bolo de vez com o poder etéreo das palavras se os Squirrel baixar por aqui em outubro. Aí, bicho, eu visto um manto e tomo o lugar do Inri Cristo.

22.6.07

SOBRE O TIM FESTIVAL 2007

Era de se esperar que o Arctic Monkeys e o Killers finalmente viessem tocar este ano no festival, que acontecerá entre os dias 25 e 31 de outubro. A escalação, até o momento, tem atendido à demanda dos indies mais afoitos. Por enquanto, nenhuma surpresa de fato. Ainda não surgiu a excitação desmedida para assistir a algum show, embora eu queira ir ao Arctic Monkeys.

Há também o velho papo de que o Cure venha tocar este ano no Brasil, entre outubro e novembro, data do TimFest. Björk parece que anda conversando com a produção também. Bom, se realmente o Cure vier, estarei feliz da vida lá na frente, como em 1996, no finado Hollywood Rock. Se a Björk der as caras mais uma vez, vai depender da grana, posto que já fui a dois shows da esquimó. Mas se ela viesse com os Sugarcubes, eu venderia a mãe e o pai!

Correndo por fora está a Juliette and The Licks, da atriz e cada vez mais cantora Juliette Lewis. Apesar do preconceito que existe por ela ser uma cria de Hollywood, acredito que o show pode surpreender os desavisados, já que a Juliette não economiza fôlego nem mis-en-scene em cima do palco, lembrando uma espécie de Iggy Pop de saias. E ela não é boba, já fez backing vocal pro Motörhead e abriu os shows do Foo Fighters, convidada por Dave Grohl em pessoa. Musicalmente pode até não ser grandes coisas, mas é impossível passar incólume às "Purgatory Blues" e "Killer". Uma coisa é certa: Juliette e as lambidas é rrrrock, e diverte pra dedéu.




Mas eu ficaria bastante feliz mesmo se este Tim Festival trouxesse os Squirrel Nut Zippers, que voltaram à estrada após um hiato de 6 anos causado por desavenças internas. O palco é perfeito para a banda, e a acústica realçaria ainda mais a bela voz da Katharine Whalen. Os Squirrel são a cara do festival desde a época do Free Jazz, mas nunca foram sondados pelos organizadores. Quem sabe desta vez os curadores lembrem da banda. Um bandão, no sentido literal e figurado da palavra. Aí você vai entender da onde a Canastra e a Móveis Coloniais de Acaju tiram grande parte das suas influências.

E você, quem gostaria que viesse tocar?

*postado também no Lounge

20.6.07

"VERÍÇIMO"



"No final da entrevista, a moça trouxe o livro e pediu pra MIM autografar."

Não é capricho exclusivo do Tarzan usar o "mim" no lugar do sujeito ("eu"). Luis Fernando Verissimo, autor da frase acima, também escorregou na gramática e, sem cerimônia, lançou mão do pronome oblíquo tônico de maneira equivocada. A dissonante frase foi pescada ontem por este astronauta durante o Laboratório do Escritor, promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil. O cronista de mão cheia mostrou que até mesmo um ex-copidesque* do importante Zero Hora tem seus momentos de tropeços gramaticais. É a pedra da norma culta. E no meio do caminho, seja você iletrado ou literato, sempre há uma pedra.

Mais adiante, de maneira inconsciente, Verissimo justificaria o tropeço ao falar sobre a importância do revisor para os escritores:

"O revisor pode mudar, com uma vírgula errada, todo o destino do mundo. Mas também pode nos salvar de enrascadas tremendas, de verdadeiras gafes gramaticais."

O erro cometido por Verissimo é importante porque humaniza a figura do escritor e nos mostra que estes também estão sujeitos a deslizes. Além disso, encoraja quem se inicia na literatura a escrever sem temer a gramática. A língua portuguesa é como uma pista de gelo, você escorrega, mas logo se levanta. A maior lição deste laboratório foi certamente esta, ainda que dada de maneira involuntária.

O encontro foi sensacional. Para os próximos, estão agendados: Marçal Aquino, no dia 4 de agosto; Carlos Heitor Cony, no dia 16 de outubro e Ana Maria Machado, no dia 13 de novembro, quando terminam os encontros deste ano.

O Laboratório do Escritor acontece no CCBB às 18h30. O endereço é aquele que você já está careca de saber: Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio.

O preço?
Ora, de graça, pois!


*Copidesque: s.m. Redator que revê, corrige, aperfeiçoa, quanto ao conteúdo e à forma, textos literários, científicos, jornalísticos etc. / Corpo de redatores encarregados desse trabalho. / Ato ou efeito de copidescar.

14.6.07

NÃO POR ACASO

Ando mais por fora do que joelho de escoteiro, de modo que não tenho idéia se o filme entrou em cartaz ou se já fora substituído por qualquer coisa que leve o nome de Ariano Suassuna - que, vamos e venhamos, respeito ao mestre à parte, já tá enchendo o saco, hein. Pois há pouco assisti ao trailer de "Não por acaso", filme de Philippe Barcinski (sinopse e demais regalos no site). A tirar pelo trailer, parece um filmão. fica melhor quando notamos a presença de Branca Messina, que, se não é das melhores atrizes, certamente é uma broinha de milho quentinha no café da manhã. Rodrigo "Sonia Braga" Santoro também dá pinta na fita. Tirando o papel de Xerxes, no patético "300 de Esparta", gosto dele - profissionalmente falando, claro. "Não por acaso" é da grife O2 Produções, do Fernando "cara de peixe" Meirelles, o que já é 50% de jogo ganho.

Vale ressaltar que antes de se aventurar em longas, Philippe Barcinski dirigiu dois curtas premiados: "Palíndromo" (2001) e "Janela Aberta" (2002). Seguindo o caminho de grandes diretores como Cao Hamburger, Katia Lund e o próprio Fernando Meirelles, dirigiu espisódios de "Cidade dos Homens", ótima série exibida pela Globo entre 2002 e 2005. Portanto, "Não por acaso" é um filme que merece atenção. E cada centavo da meia entrada.

Abaixo, o curta "Palíndromo":



"Janela Aberta" tem no Youtube também. Pra assistir, é só deitar o mouse aqui.
* * * *

Tudo muito bem. Fernando "cara de peixe" Meirelles dispensa apresentações. Não porque montou uma das melhores (se não a melhor) produtoras do Brasil, tampouco porque dirigiu "Cidade de Deus", filme que se tornou a maior referência do nosso cinema. Mas porque foi quem acreditou num roteirista que jamais havia escrito um longa-metragem, confiando-lhe a tarefa de adaptar a história do livro homônimo de Paulo Lins para as telas. Pois em 2004 o novato roteirista foi parar no imponente Dorothy Chandler Pavillion, em Los Angeles, onde concorreu ao Oscar de melhor roteiro adaptado por "Cidade de Deus". Chamava-se Bráulio Mantovani, um ilustre desconhecido de então.

Meirelles é, sem dúvida, um grande diretor. Um cara bacana mesmo. O que não entendo até hoje é por que diabos o logotipo da sua respeitada produtora é um plágio picareta do Finder, programa de busca do OS X, sistema operacional da Apple. Por quê? POR QUÊ?


Do outro lado do planeta, caçando implacavelmente logos plagiados na China, Bruno Porto (que certamente não me lê aqui, apenas em Lounge) se deliciaria com essa obra-prima cá na colônia.

11.6.07

O REI NO CÉU


Roberto Carlos, a bordo de um helicóptero Hugues 300 (aqueles que pareciam uma libélula metálica), levanta vôo da praia do Flamengo, segue sobre a orla, cruza o Túnel do Pasmado, sai aonde anos depois seria erguido o Rio Sul, sobrevoa Copacabana beirando o mar, dá tchauzinho para um transatlântico, chega à Avenida Getúlio Vargas (como num passe de mágica), passa pelo relógio da Central do Brasil e segue ao encontro da igreja da Candelária. Ainda sobrevoando o Centro, raspa o Teatro Municipal, desce a Avenida Rio Branco, passa pertinho do Palácio Monroe (demolido por Geisel em 1976) e segue até o Cristo Redentor.

A sequência é das mais sensacionais produzidas pelo nosso cinema. O trevelling de arrepiar faz parte do filme "Roberto Carlos em ritmo de aventura", de Roberto Farias, de 1968 - tempo em que computadores só existiam na Nasa.

Por último, e com a ajuda do google, o nome do piloto por trás das imagens: Raimundo de Paula Soares. Roberto Carlos pode ser o rei, mas Raimundo é o ás. A César o que é de César!

5.6.07

NADA

Encantado por Céu. Um documentário sobre um fenômeno nascido no caribe. Outro definitivo sobre um estúdio. O Iraque sob uma ótica alternativa. Um musical pré-adolescente aos moldes da Broadway. Umas linhas bobas à Braga sobre a guerra no Rio. Aguardando a resposta sobre outras, enviadas em duas laudas pro além. Brincando de dirigir uma criança de 6 anos num curta caseiro com trilha de Katharine Whalen. Mini-pizza e guaravita com gosto de tinta. Comida para o periquito verde. Um pratinho de wiskas e outro de leite pro abóbora gato. O poodle, careca feito ovelha desnuda, de boca aberta, tentando morder o naco de sol que se esforça entre nuvens chumbo. Piauí no jardim.

1.6.07

BELO DISCO, PÉSSIMA ESTRATÉGIA

Mario Caldato (Beastie Boys, Björk e Marisa Monte, pra citar três bem diferentes) assinando a produção por si só já valeria a atenção. Aí você observa a presença ilustre dos jamaicanos Sly Dunbar (bateria) e Robbie Shakespeare (baixo) em cinco faixas. Se surpreende mais ainda com os mestres Armando Marçal (percussão), Wilson das Neves (bateria) e João Donato (piano) noutras faixas. Há um dueto com Ben Harper também, além da participação do incansável e onipresente Kassin, que divide a produção do disco com Mario Caldato. Com pouco mais de atenção é possível observar ainda as participações de Pupilo, baterista da Nação Zumbi, e dos guitarristas Davi Moraes e Pedro Sá - este último, responsável pela "cara rock" de "Cê" e atual querido de Caetano Veloso. Só fera.

Então você conclui que "Sim", novo da Vanessa da Mata, diante do qual você se encontra, é uma pepita de ouro.

Resolve comprar o disco e, em seguida, é surpreendido pela seguinte propaganda:

"Em Ipanema, pelo preço da Uruguaiana."

Meio preconceituosa, vamos.

Pois é a estratégia "brilhante" da Sony/BMG pra vender um "meio" CD da Vanessa, com cinco músicas, por R$9,90.

Na íntegra, com todas as faixas, o disco beira R$ 30.

Diante disso, você se vê inclinado a baixar o CD, porque de pateta já basta o enjoado cachorro da Disney.

Lançado dia 28, em poucas horas o disco já estava na internet. Com literalmente um clique, sem precisar digitar nada, passa da net pro hd. Mais um, e o disco já está rodando no media player. Outro clique, e vai parar no CD-R.

O preço final? R$ 0,80 (oitenta centavos), valor do CD virgem na Uruguaiana.

Como se nota, o preço da Uruguaiana NÃO é R$ 9,90.