26.7.06

A VÍBORA
É de Assis Chateaubriand as aspas (Vá, mas não me morra") que abrem o post do dia 21/07 . Dita em 1944, a recomendação tinha como alvo um jovem repórter de 26 anos a quem o barão das comunicações chamava de "víbora" do jornalismo. Seu nome era Joel Silveira e, quando ouviu as palavras de Chatô, estava embarcando para a Itália, onde mergulharia, após uma extenuante viagem cortando o Atlântico, no inferno da Segunda Guerra Mundial. No front, acompanhando os pracinhas da bravia Força Expedicionária Brasileira (FEB), testemunharia os horrores do conflito mundial, dividindo as disputadas trincheiras com outros correspondentes como o genial Rubem Braga. Sobre a sua experiência na Europa, Joel Silveira costuma dizer: "Eu fui para a guerra com 26 anos, fiquei lá dez meses e 11 dias, e voltei com 40 anos. A guerra me fez adulto".

Joel é uma figura sensacional. Sua prosa ao mesmo tempo sensível e mordaz não deve nada aos grandes escritores brasileiros. Com quase 90 anos de idade, vítima de uma catarata que lhe impede de ler (sua maior paixão), a velha víbora é uma lenda viva do jornalismo, além de ser um dos precursores do chamado "jornalismo literário". Sua cobertura da Guerra para os Diários Associados resultou, anos mais tarde, no livro O Inverno da Guerra (Ed. Objetiva). Um livro belíssimo que muitas vezes fica escondido nas estantes das grandes livrarias. Um crime!

Portanto, a partir de hoje, gostaria de dividir com vocês, através de uma série de posts, alguns trechos dessa correspondência brilhante que destaquei ao longo da leitura. Espero que gostem. Lembrando que os trechos não substituem o fascinante mergulho nas linhas do autor, batidas à máquina direto do sangrento front.

Nenhum comentário: