13.1.10

Rio, mulato inzoneiro

Malandro é o gato, que mora no telhado e não paga aluguel, já dizia seu Agapito, vendedor de hortaliças aqui do agreste. Dia desses, fim de tarde bucólico, sol se pondo, estava descendo aquele murgulhão em Botafogo que dá no Rio Sul - bela ratoeira pros desavisados - e não vi uma alma sequer lá embaixo.

O balcão da segurança estava vazio. Além das minhas pernas, o único movimento naquele subterrâneo era o balé de um saco plástico evoluindo ao vento. Temi. Um fio de suor desceu gelado das têmporas. Eu era a isca perfeita prum vagabundo me acertar em cheio um "shoryuken" à la Street Fighter - de leve, só pra me deixar esperto. E levar meus dois-reais-e-trinta-centavos, do ônibus.

Quando, enfim, saí do mergulhão, andei uns metros e avistei um grupinho de três pessoas. Ao me aproximar, um malandro tocava cavaquinho enquanto um dos seguranças munhecava o pandeiro. Seu parceiro de profissão, mulato elegante, levava no gogó sucessos do Belo cmoo se não houvesse amanhã, batendo na palma da mão. O pagode estava uma uva. E eu segui com a certeza de que as Olimpíadas de 2016 serão um estouro. O Rio é samba, o resto é Sampa.

Nenhum comentário: