30.8.06

TEM FERA NO TIM
A lista do Tim Festival desse ano tá cheia de bandinhas "descoladas", como você já viu. O caderno Ela, em peso, deve lotar a Marina da Glória. Zeca Camargo não perde por nada. Vai ser o BAFO! Lucio Ribeiro, sempre insuportável, deve ter achado a lista "fofa". Um hype só. E grande parte desse hype tá em cima dos Yeah Yeah Yeahs e outras bandinhas perecíveis da vida - nada contra a Karen O, essa eu acho uma graça, mas perde fácil pra Maria Flô. Pra piorar, nego ainda teve o disparate de escalar o Bonde do Rolê. Melhor não comentar. Saudade do ano passado. Quem se lembra do espetacular show do Elvis Costello sabe que vai ser difícil repetir a dose de emoção esse ano. Não vou nem falar da saudade imensa do show da Björk com o Eumir Deodato porque se trata de outro festival. Fiquemos com o Tim, portanto.

Herbie Hancock virá. Porém tenho ouvido pelas noites "alternativas" afora, incrédulo, gente torcer o nariz para a escalação do músico. Alternam desconhecimento com deboche. Não faltam piadas com o nome do pianista boa praça. E são os mesmos que exaltam, por exemplo, as presenças de Beastie Boys e Daft Punk no festival. Sobre o que dizem, acho um equívoco, para ficarmos com um adjetivo mais elegante. Quem brinca com mixers e turntables (ou quem dança ao som deles) sabe exatamente a importância de Hancock para a música eletrônica, sobretudo para os Djs. "Rock it", som que o pianista fez em parceria com o DJ GrandMixer DST, na década de 80, foi a pedra fundamental de toda essa história que elevou aqueles que fazem miséria com os pratos à condição de músicos. Se não fosse pela coragem de Herbie Hancock em se juntar com GrandMixer DST - um DJ de hip hop que tocava nas festas do Afrika Bambaataa, nos guetos de Nova Iorque - talvez não existissem grupos como Daft Punk hoje. Os músicos/DJs reconhecem a importância do pianista para a música moderna. Portanto, não assitir ao show de Herbie Hancock é um erro, acho eu.

Não leva fé que o cara é imperdível? Então saca só:

Ao vivo com GrandMixer DST tocando
"Rock it" (1983).

Na Vila Sêsamo, divertindo a molecada ao
demonstrar os poderes do seu sintetizador. Destaque para o monitor de fósforo verde exibindo gráficos de ondas sonoras. Tem um nerd pilotando um jurássico computador ao fundo também. Papa-fina!

Dividindo o palco com Thomas Dolby, Howard Jones e Stevie Wonder em uma histórica apresentação no Grammy de 1985. Segura o queixo aí pra não cair.

24.8.06

NOTA MENTAL II
Da TV, gosto da Maria Flor. Acho uma graça. Um pitéu. Broinha de milho quentinha no café da manhã. Linda. Do nome à pinta.

NOTA MENTAL I
Sou só eu que acho ou Eymael, candidato nanico à presidência da república, parece mesmo um vendedor da Tecno Mania quando fala ao eleitor? Não sei por quê, mas sempre que ele aparece gesticulando fico tenso achando que a Lucian Gimenez vai surgir no fundo a qualquer momento, sob o coro de "Satisfaction".

18.8.06

O Atari de Jason


Jason Santa Maria, apesar do sobrenome familiar, é um típico americano da Philadelphia - daqueles que dividem a casa com a esposa e alguns bichos de estimação. Os de Jason são gatos. O casal tem três. Como profissão, escolheu o ofício de designer gráfico. A inspiração ele tira essencialmente de histórias em quadrinhos e das artes relacionadas aos videogames. E uma das suas mais antigas fontes são as propagandas dos cartuchos do velho Atari. Ele explica que apesar do gráfico rudimentar e pouco detalhado dos jogos, a empresa soube explorar, através da propaganda, a imaginação das pessoas a fim de deixá-las imersas no mundo fantástico dos videogames antes mesmo dos consoles serem ligados. A experiência, que começava com as artes nos cartuchos e nas propagandas de revista e TV, levava a imaginação das pessoas a lugares inimagináveis. Daí, quando o jogo começava, ninguém mais se importava se era apenas um cubo na tela tendo de engolir outros cubos de cores primárias. Estratégia de gênio. Não à toa o Atari se tornou um fenômeno.

Mas não é por isso que Jason é um cara legal. É porque ele achou que seria muito egoísmo manter seu velho e precioso catálogo de jogos de Atari na estante e resolveu escaneá-lo para colocar na internet. Pra quem gosta de designer vintage estilo "futuro-antigo", o
Atari Video Computer System Catalog 45 Game Program Cartridges é um achado!

Achado também são as propagandas de TV do velho console. Lembram do clássico Pole Position? Pois a propaganda é espetacular. Centipede também é de tirar o fôlego. E ambos têm músicas que não fariam feio hoje nas festas da Casa da Matriz. A indiezada ia ficar de cara, aposto meu Riocard cheio de créditos.

16.8.06

O CORNETEIRO DE WASHINGTON
O início da década de 70 foi marcado por um dos maiores escândalos políticos da história dos EUA, o Caso Watergate. E você, que é uma pessoa esperta, sabe que foi graças ao brilhante trabalho de investigação dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, que o mundo ficou sabendo do escândalo que culminou com a renúncia do então presidente Richard Nixon. As informações cruciais que levaram à queda do presidente foram
passadas aos repórteres numa garagem pelo famoso Garganta Profunda (Deep Throat), informante que estabeleceu a ligação definitiva de Nixon com o assalto à sede do Partido Democrata. Somente ano passado, após décadas de anonimato, o Garganta Profunda veio a publico e assumiu a sua verdadeira identidade. O informante que ajudara a derrubar o presidente americano era Mark Felt, ex-presidente do FBI à época.

O caso Watergate é um um dos mais célebres da história do jornalismo. Isso você já sabe. o que você não sabe, mas o Around te conta, é que TODAS as
fitas contendo as gravações do caso podem ser ouvidas aqui.

Agradecimentos devem ser endereçados à Universidade de Berkeley. Grato.

14.8.06

UM ENIGMA

Wansclau seria nome de remédio se não estivesse impresso na carteira de trabalho de um senhor que conheci no ônibus, quando voltava para casa.

Tomei a condução ainda no ponto final. A velha máquina, motor roncando para não morrer, se preparava para cair mais uma vez na estrada quando um senhor de voz grave sentou-se atrás de mim. Falando alto, se jogou no banco como um saco de batatas, relinchando feito um cavalo barato. Enxuguei a nuca. Indócil, abriu a janela e mexeu com uma menina que estava do lado de fora. A moça bonitinha, apesar do uniforme roto de colégio estadual, trazia nos olhos o brilho de quem carrega consigo a felicidade. Wansclau, metade da cabeça para fora, jogou-lhe dois galanteios e um beijo estalado, que sumiu ao vento. Um rapaz surgiu na plataforma de embarque, pegou na mão da mocinha, as unhas vermelhas descascando de quem não tem moleza, e a tirou dali: a pequena esperava o namorado. Num instante o casal virou recordação.


Três pisadas no pedal do acelerador e o motorista, quatro botões abertos na blusa, São Jorge de prata boiando num mar de pêlos, tocou para fora do terminal. Wansclau não parava de falar um minuto: ao seu lado um amigo. Jorge entrara correndo, pouco antes de a condução partir. Ambos moravam no Jacaré, lugarejo humilde entre um condomínio de luxo na Região Oceânica e um shopping de gosto duvidoso. Por dois bairros e um engarrafamento de 20 minutos, os amigos conversaram entusiasmados sobre uma caixa de gordura. No final do engarrafamento, o combinado: de pé um churrasco e um mutirão para a obra da tal instalação sanitária. A cerveja era por conta.

O motorista seguia dando trancos no motor como quem doma uma besta enfurecida, a flanela desbotada vez ou outra na testa enxugava o suor. Um cheiro de diesel danado. Wansclau e Jorge, resolvido o problema do esgoto, conversavam agora sobre inferninhos. Jorge, mais experiente, dava dicas de bordéis como quem indica um médico de família: “Bom é o 512, perto da rodoviária”. O ônibus parou. Na escada, uma mulher. Wansclau cutucou o amigo: “Olha a gostosa que vai entrar, homem!”

A morena tinha os olhos levemente puxados. Se não fosse brasileira, arriscaria dizer que era indiana. Filipina não era. Era mais bonita. Talvez japonesa. Era uma graça. Duas braçadas de bunda. A calça não rasgou porque era de qualidade, suponho. Wansclau, olhos de raposa secando o cordeiro indefeso, insistiu: “Que gostosa, homem! Olha a calça como tá enfiada, doida pra levar vara”. Jorge, criado na alcova, sem mudar a respiração que estava calma, falou ao amigo: “'Boniteza' não põe mesa. Na cama é que a gente vê”, e saltou dois pontos à frente, deixando para trás o enigma como uma esfinge maldita. Wansclau não dormiu naquela noite.

10.8.06

DESTINATION SÃO PAULO
Vocês tão aí falando das bandas que o Lucio Ribeiro diz que virão ao Brasil ainda esse ano, acho lindo, mas caguei pra todas elas quando li que os Rezillos tocam no Hangar 110 (SP) em novembro. Tá lá, no site oficial.

É por isso que eu sou FÃ dessa
menina aqui. Lia é FERA! E como se não bastasse ter um blog sensacional, ainda lê as besteiras que escrevo aqui. E diz que gosta. Tá vendo? Se eu ficar metido, a culpa é dela.

O que você está esperando ainda aí, nem? Corre
. Tu não sabe o que anda perdendo...

Ah, e o Martini é por conta da casa!

9.8.06

VITAL
Herbert Vianna, óculos pesados de armação preta, se esforça para encaixar a voz no playback. Vez ou outra ela escapa. Bermudinha justa acima do joelho, uma camisa de fazenda vagabunda com um toque de elegância dado pela gravata borboleta, completam o look Daniel Azulay. Baroni está de guitarra (!) em punho. Fingindo que toca como Steve Vai, visivelmente constrangido, pula de um lado pro outro subestimanto a inteligência de quem o assiste: não havia set de bateria no estúdio. Bi Ribeiro parace gostar do corte de cabelo à Ritchie que exibe. Tava na moda.

- Vocês vão cantar que música? - pergunta o apresentador.
- A gente vai cantar essa música que tá tocando aí - Herbert aponta pro playback que entra por cima da inacreditável "entrevista".

Eles ainda participam de uma brincadeira no palco. Enchem bexigas até que uma estoure. Uma menina, em casa, do outro lado da tela, falando com o apresentador ao telefone, ganha uma bicicleta. Antes de desligar, o palhaço solta: "Pode vir aqui agora na TELEVISÃO apanhar a sua bicicleta, amiguinha".

O programa é do Bozo. E a música, "Foi o mordomo".
Com vocês, no picadeiro,
Os Paralamas do Sucesso!

8.8.06

OS QUADRIS NÃO MENTEM
Não entendo como tem gente que não gosta de certos temperos latinos. E como mexe, a cucaracha.
Mexendo assim, nem precisava cantar. Mas canta - e não, não farei rima com trocadilho clichê.

Tá, vai, e ENCANTA!

Foi mais forte do que eu.

3.8.06

A ARTE NA GUERRA

Aos 11 anos, de calça curta e sapato envernizado, meinha branca esticada no tornozelo, ele já tocava na banda da cidade onde morava - Grant City, no estado do Missouri. Adolescente, já no Colorado, dividido entre o futebol americano e a música, começou a manifestar interesse pelas orquestras de baile. Não tardou, montou a sua primeira banda, ainda de forma amadora. Foi na universidade, no entanto, que Glenn Miller decidiu seguir a carreira musical profissionalmente, no comando da Miller Orchestra. As turnês logo se multiplicaram. Todas bem sucedidas, confirmadas pelos salões sempre cheios. As pequenas, sapatinhos de boneca, vestidos comportados, conduzidas pelos cavalheiros, se encantavam. Pois no auge do sucesso, quando os Estados Unidos se preparavam para entrar na Segunda Guerra, Glenn Miller foi atacado por um sentimento nacionalista e, então, com 38 anos, decidiu se alistar nas Forças Armadas Americanas. Sua idade era muito avançada para servir no front e seu pedido fora negado de imediato. Não satisfeito, enviou uma carta ao general Charles Young, do exército, se oferecendo para levar um pouco do swing aos combatentes além-mar. O apelo colou e o maestro logo entrou para a tropa, como capitão. Seu trabalho junto aos combatentes durou pouco mais de um ano. Neste período, dirigiu uma banda formada por 50 oficiais do exército, elevando a moral e trazendo um frescor da América aos soldados servindo na Europa.

O resto da história, que infelizmente não tem um final feliz, você pergunta ao seu avô. Se você não tiver um velhinho que te conte histórias, então deixe que a
wikepedia o faça.

E assim, com Glenn Miller, em grande estilo, finalizamos a série de posts em homenagem a Joel Silveira e a sua cobertura da Segunda Guerra Mundial. Como sugestão, deixo o fabuloso disco
Army Air Force Band, regado a naipe de metais classudos, com arranjos que remetem aos anos dourados americanos. Finesse pura, rapaz.

Como o Around Venus preza pelo seu ÚNICO leitor imaginário, não poderia deixar de disponibilizar uma faixa do disco para download. Então corre e baixa aí
Peggy the pin-up girl, um dos hits entre os militares que voltavam das trincheiras sangrentas. Mas corre que o link expira em uma semana, como de praxe.