20.6.07

"VERÍÇIMO"



"No final da entrevista, a moça trouxe o livro e pediu pra MIM autografar."

Não é capricho exclusivo do Tarzan usar o "mim" no lugar do sujeito ("eu"). Luis Fernando Verissimo, autor da frase acima, também escorregou na gramática e, sem cerimônia, lançou mão do pronome oblíquo tônico de maneira equivocada. A dissonante frase foi pescada ontem por este astronauta durante o Laboratório do Escritor, promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil. O cronista de mão cheia mostrou que até mesmo um ex-copidesque* do importante Zero Hora tem seus momentos de tropeços gramaticais. É a pedra da norma culta. E no meio do caminho, seja você iletrado ou literato, sempre há uma pedra.

Mais adiante, de maneira inconsciente, Verissimo justificaria o tropeço ao falar sobre a importância do revisor para os escritores:

"O revisor pode mudar, com uma vírgula errada, todo o destino do mundo. Mas também pode nos salvar de enrascadas tremendas, de verdadeiras gafes gramaticais."

O erro cometido por Verissimo é importante porque humaniza a figura do escritor e nos mostra que estes também estão sujeitos a deslizes. Além disso, encoraja quem se inicia na literatura a escrever sem temer a gramática. A língua portuguesa é como uma pista de gelo, você escorrega, mas logo se levanta. A maior lição deste laboratório foi certamente esta, ainda que dada de maneira involuntária.

O encontro foi sensacional. Para os próximos, estão agendados: Marçal Aquino, no dia 4 de agosto; Carlos Heitor Cony, no dia 16 de outubro e Ana Maria Machado, no dia 13 de novembro, quando terminam os encontros deste ano.

O Laboratório do Escritor acontece no CCBB às 18h30. O endereço é aquele que você já está careca de saber: Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio.

O preço?
Ora, de graça, pois!


*Copidesque: s.m. Redator que revê, corrige, aperfeiçoa, quanto ao conteúdo e à forma, textos literários, científicos, jornalísticos etc. / Corpo de redatores encarregados desse trabalho. / Ato ou efeito de copidescar.

6 comentários:

Anônimo disse...

marçal de aquino é a pedida

Anônimo disse...

Poxa, gostaria mto de ter ido. Mas tinha q trabalhar (quem inventou que o trabalho enobrece o homem? - não sei aonde...)

Mas realmente esse deslize do Veríssimo veio a calhar pra fazer 'cair o mito' como diz um amigo meu. Adoro ele, mas acho q nada mto intocável é tão bom.
Descobri seu blog por acaso, mto legal.

Abraços!

Anônimo disse...

Acho que erra faz parte. Eu erro pra caralho e muitas vezes nem é de propósito. Se a gente nunca errasse, a língua oficial do Brasil seria o latim (ou qualquer outra coisa que tenha havido antes... vc entendeu a idéia)

Anônimo disse...

Anderson>> Opa! Obrigado pela visita. Pois é, essa cultura do intocável é um problema no Brasil. Olha aí o Jô Soares!


Klein>> E eu tb não erro? Não há problema em errar, até pq é com o erro que nós aprendemos - e a frase que acabei de dizer soou medonhamente Paulo Coelho! hehe

Anônimo disse...

Oi..posso postar o seus post no blogue no Laboratório?!
www.versobrasil.com.br/laboratoriodoescritor

Anônimo disse...

É cara, a riqueza e a complexidade da Língua Portuguesa andam de mãos dadas mesmo... Todos erramos o tempo todo - eu, com certeza - seja através de tropeços como o que você presenciou, seja através de vícios que não nos damos conta de que temos... Abração.