27.10.06

MISSÃO
O véio embarca em breve. Primeiro Argentina, depois África. Vai para Angola, Luanda e, acho, África do Sul. Se não confundi os países, já é a segunda vez esse ano. Segue, caderneta e lápis no bolso, em missão antropológica. De lá, parte para o Velho Continente. Paris. Antes, talvez, Lisboa; mas tenta evitar. Não gosta da cidade. Tirando a culinária, Portugal não lhe enche os olhos. Na suíça, há uns anos, pôs o pé e voltou. No mesmo dia. No mesmo trem. Não trouxe chocolates. Queijos? Negativo também. Só uma cara emburrada, alguns palavrões e o saco cheio. Nunca mais falou no país.

É mesmo da França que gosta. Adora Paris, diz que é sua segunda casa. Conhece do mendigo que vive ajoelhado no Boulevard Saint Germain aos intelectuais da Sorbonne. Mas é com gente como o coveiro do Père Lachaise que mais gosta de conversar. Perde a conta dos "bonjour" que solta pela cidade - e dos que recebe. Conhece mais gente lá do que eu cá. Tem cara de poucos amigos. Faz gênero, adora conversar fiado. Tem fascínio pelas pessoas, o bloquinho sempre à mão. Numa tarde, descendo a Rue de Belleville, discutiu com o garçom - um marroquino tão intolerante quanto um motorista de ônibus do Rio. Dedo na cara. Palavrão. Eu no meio. Uma cena. Motivo: um "croc messieur", o misto quente francês, que ele insistia em não querer trazer para mim. Insultos em quatro idiomas depois, o antropólogo e o garçom trocaram telefones. O jovem adorava o Brasil e, entre um "croc" e outro, juntava dinheiro para abrir uma pousada em Paraty. Com o árabe da "Epicerie Le Caire" (espécie de Casas Pedro parisiense) foi a mesma coisa. Mas a briga se deu pela proibição de me deixar filmar a fachada da sua loja. Hoje são amigos. Ao meu pai, sempre pergunta por mim. Devo-lhe uma visita. Saudade das castanhas.

Quando o antropólogo disse que ia para a África, perguntei que vacinas eu tinha de tomar. Desconversou. Gosta de viajar sozinho. Filhos enchem o saco, uma dor de cabeça danada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu ex-chefe viado tbm odiou a Suiça!!! hauahauahaua!!!

Anônimo disse...

uhauhauhauhauahauhauha
mas ele não dispensava um polonês, né?