17.9.07

CINEMATÓGRAPHO SOBERANO

Com a cama nas costas, fulano compra o jornal de poucas páginas, coloca-o debaixo do braço e sobe a Rua da Carioca. Segue, sem pressa, em direcão à Praça Tiradentes. Não vai ao encontro das damas da noite, moças de vida nada fácil, equilibristas de meio fios.

Fulano pára antes, no Bar Luiz. Escolhe uma mesa na beirada da rua, pede um café "pingado no leite, pra não afetar a gastrite", confere as horas no relógio de pulso e põe-se a ler as notícias. Diante da tabela do brasileirão, pragueja qualquer coisa contra o São Paulo.

Vira o punho pra cima, confere mais uma vez as horas, mata o cafezinho num gole tenso, deixa moedas na mesa e ruma em direção ao Cine Íris - secular casa de projeção carioca. São 11h45 e a sessão do meio-dia vai começar.

De striptease.

Jornal na cara, fulano, passinhos miudinhos, entra ligeiro pro cinema, onde ficará durante as próximas horas pisando em nuvens.

Em casa, fulaninha, contando em par as rendas do avental, espera o cominho pra perfumar o cozido.

3 comentários:

carlos eduardo disse...

fulaninha esperando o cominho perdeu o olhar vitorioso, indiferente, aquele que fazia fulano pisar em nuvens.
o tal fulano, anda procurando o céu mais cedo, vai atrás de fogo em algum inferninho de copacabana.

Anônimo disse...

esse fulano poderia ser um sicrano, beltrano...

Anônimo disse...

se não fosse pelo fato do fulano gostar de futebol, bem poderia ser um amigo nosso