22.5.05

ISSO NÃO É UMA RESENHA
Todo esse papo sobre Bienal do Livro só não me encheu tanto a cabeça porque tenho evitado os jornais nas últimas duas semanas. Minto. Tenho lido a Folha e O Globo. Do primeiro, os quadrinhos do Sieber e Angeli; do último, os do Chris Browne e Henfil.

Mas os jornais continuam caindo na minha varanda. E cedo, antes da alvorada, quando o jasmim do quintal inda veste aquele colar de contas de cristal que logo serão desfeitos pelo raiar do dia.

É insistente, o paperboy.

E olha que no final do ano passado, na época em que todos os criados resolvem pedir uma caxinha pelos serviços prestados ao longo do ano, eu não dei uma moeda sequer. Em vez de dinheiro, devolvi o cartão com um bilhete:

"O trabalho é uma benção de Deus"

Bom,
a Bienal.

Logo na abertura, a premiada escritora Lygia Bojuga, que recebeu o Astrid Lindgren Memorial Award recentemente pelo conjunto da obra, critiou a organização do evento. Disse, em poucas palavras, que o Riocentro é inadequeado para aproximar o público do livro, o que só elitiza o ato de ler.

Choveram críticas contra a respeitável senhora.

Disseram que o Riocentro, ao contrário do que Bojuga pregava, aproximava os moradores humildes da Zona Oeste, carentes de leitura, justamente pela sua localização - pra lá do fim do mundo.

Patifaria!

Com entradas a R$10 (não havia meia para estudantes) mais R$10 de estacionamento, sem contar com os adicionais como água, lanche e, obviamente, algum livro, o preço do passeio saltava para valores proibitivos.

Mas ouvi dizer que fora um sucesso, o evento.
Não duvido.
Os convidados e lançamentos estão aí pra provar.

Lolita Pille, a francesa "psycho-bitch-junkie", flanou feito maria-fumaça pitando seu cigarro pelos pavilhões, arrancando suspiros da petizada que ouve Nightwish.

Tom Wolfe, o "mito", deixou claro que o que mais lhe interessava era saber onde ficava a Favela da Rocinha. Achou ducacete. Na Bienal, falou bobagens.

Até um ex-participante do Big Brother estava lá lançando livro. Dizem que atendia pela alcunha de Jean Willys, provavelmente encaixado por engano no rol das atrações internacionais. O auditório lotou.

Teve também a presença de Jô Soares, cheio de pompa, lançando o seu "Assassinato na Academia Brasileira de Letras", que se passa no Rio dos anos 20. Por quê? Com a palavra, o gordo:

Tenho saudade de um tempo glamouroso que não existe mais, quando podia-se ir de relógio e corrente de ouro à praia.

Certo, biscoito.

VOCÊ FOI À BIENAL?
NEM EU.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Petizada que ouve Nightwish" Rapaz, gostei da definição. O pior é que já vi neguinho grande falar que gosta dessas merdas. Tom Wolfe é outro, um charlatão da melhor qualidade. Só nós (brasileiros, cariocas e jornalistas) para acreditar nessas vigarices, estilo Jô Soares...